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O que mudou no sistema de proteção do Vale

Defesa Civil investe em equipamentos, radares, veículos aquáticos, treinamento e formação de núcleos comunitários para qualificar resposta durante eventos climáticos extremos

O que mudou no sistema de proteção do Vale
Rio Taquari se aproximou dos 34 metros. Evento extremo alterou o patamar em relação aos planos de contingência das defesas civis municipais, estadual e federal

A inundação de maio do ano passado, somada aos episódios de setembro e novembro de 2023, elevaram a necessidade de organização dos planos de contingência em todo o RS. Esses episódios provocam mudanças estruturais em todas as escalas da Defesa Civil, em âmbito nacional, estadual, regional e municipal.

No Vale, os governos municipais mudam o entendimento sobre a importância do órgão. Em Lajeado, ações começam na reestruturação de como comunicar e atender a comunidade em episódios climáticos extremos, afirma o secretário de Segurança Pública, Paulo Locatelli.

Junto com isso, compra de equipamentos, em veículos aquáticos, qualificação de agentes, investimentos em tecnologia e formação de núcleos comunitários fazem parte da nova estratégia.

“Passou um ano. Priorizamos analisar o que funcionou e o que falhou, para melhorar nossas respostas. Revisamos os planos internos, inauguramos um centro de comando integrado e uma sala de crise para reunir as autoridades e facilitar o acompanhamento em tempo real das ocorrências”, resume.

Além disso, foram feitas adaptações nos abrigos. “O Parque do Imigrante segue como nosso principal local de acolhimento, mas a estrutura de atendimento em saúde e logística foi aprimorada”, acrescenta.

A cidade comprou barcos e botes de resgate, instalou sirenes de alerta sonoro e começou a organizar os núcleos comunitários de Defesa Civil para reforçar o trabalho de prevenção nas comunidades.

Também foram colocados sensores para medição do nível do Rio Taquari. “Centralizamos a informação e treinamos os agentes para estarem ainda mais proativos. Nos aproximamos ainda mais dos órgãos de monitoramento como o CPRM. Fortalecemos nossa equipe técnica, com seis integrantes, para garantir uma resposta mais eficiente.”

A estratégia, diz o coordenador municipal da Defesa Civil, Marcelo Maya, é ter todos os processos encaminhados antes de catástrofes climáticas, com planos de contingência estabelecidos em cada uma das repartições públicas, com recursos prontos para projetos de manutenção de infraestrutura em momentos críticos.


Informação à comunidade

“Até os episódios de 2023 e 24, nossa resposta era adequada, pois as cheias eram mais previsíveis. A velocidade e a magnitude dos eventos foram fora da curva. Agora, buscamos antecipar informações, trabalhando com margens de segurança em cima do que aconteceu em maio passado”, diz Maya.

Para isso, foram implantados sistemas de monitoramento em tempo real, inclusive no Rio Forqueta, com transmissão de imagens e informações sobre o nível da água. O sistema de sirenes também foi ampliado: além do alerta sonoro, mensagens de voz informam a população sobre áreas de evacuação obrigatória.

Justo na reorganização dos sistemas de alerta está outra etapa considerada fundamental. Trata-se dos Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil. “Vamos levar aos bairros mais atingidos, aos moradores, muito das informações que conseguimos elaborar dentro dos órgãos públicos. O importante é fazer com que a comunidade tenha o mesmo nível de entendimento das equipes de socorro.”

Para Maya, essa estratégia fará com que a retirada das famílias em área de risco seja mais assertiva, como uma forma de evitar que a logística evite que o plano de contingência fique para momentos críticos. “Precisamos treinar as pessoas, para que elas compreendam o tempo certo para sair dos locais onde a água vai chegar.


Diagnóstico regional

Em termos de Vale do Taquari, a coordenação regional da Defesa Civil finaliza um estudo com 59 cidades, tanto da região quanto do Vale do Rio Pardo. Conforme o comandante Hélio Schauren, o trabalho detalha como está o preparo das equipes, qual a estrutura de socorro em termos de veículos e materiais, o mapeamento de todas as áreas de risco para enxurradas e deslizamentos.

“Temos conseguido qualificar todos os dados sobre como estamos. Dentro dos municípios e nas próprias populações, há um senso de urgência que nunca vimos antes. A importância de ter uma Defesa Civil preparada faz parte das preocupações de todos.”

Dentro da Política Estadual de Proteção e de Defesa Civil o Executivo gaúcho estabelece um conjunto de ações com a missão central de garantir estratégias prévias de enfrentamento nas instituições públicas, como uma forma de fazer com que as comunidades tenham reforço de ajuda antes dos episódios extremos.

Junto com o plano de contingência estadual, o governo gaúcho formalizou parcerias com o Ministério Público (MP) e com a Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

As cooperações técnicas se concentram em protocolos para áreas de comunicação, saúde e assistência social. Também integra a lista de medidas ações de educação e conscientização sobre riscos de desastres climáticos.


Governo do Estado

Treinamentos voltados às Defesas Civis, com leitura meteorológica, previsão de mananciais, riscos de deslizamento e uso de equipamentos.

Primeiro Centro Regional de Defesa Civil em Lajeado. Licitação aberta e construção prevista para 2026.

Investimento do Funrigs em dragagem de pequenos arroios e cursos d’água.

Ampliação na equipe da Sala de Situação, Defesa Civil, e instalação de equipamentos para melhorar a previsibilidade em termos de inundações.

Região dos Vales (Vale do Taquari e Vale do Rio Pardo)

Adaptação dos planos de contingência à nova realidade climática.

Formação de Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil.

Aproximação de conhecimentos entre municípios, com troca de informações e de experiências entre cidades com mais estrutura para qualificar as de pequeno porte.

Diagnóstico em curso sobre a estrutura regional hoje.

Instalação de sirenes de alerta. O sistema emitirá sinal sonoro seguido de mensagem de voz com orientações de evacuação.


Governo Federal

Orçamento de R$ 6,5 bilhões para estudos hidrológicos, geológicos, batimetria em rios, com consequente desassoreamento dos pontos críticos. Também estão previstas obras estruturantes, em especial na Região Metropolitana.

Formação do Conselho de Monitoramento das Ações e Obras para Reconstrução do RS. Um órgão consultivo, formado por agentes federais e estaduais, responsável pela gestão dos recursos.

Implementação de um sistema de alertas via celular pelo Ministério da Integração Nacional e pela Agência de Telecomunicações (Anatel). A plataforma usa as redes 4G e 5G para emitir mensagens gratuitas e sonoras.


Fonte: Grupo A Hora