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Após duas mortes em onda de frio em Porto Alegre, Defensoria Pública oficia prefeitura

Ofício pede informações sobre a política de acolhimento e abordagem a pessoas em situação de rua no contexto da “Operação Inverno”

Após duas mortes em onda de frio em Porto Alegre, Defensoria Pública oficia prefeitura
Frio pode ter sido causa de duas mortes registradas na última quinta-feira, 29 | Foto: Fabiano do Amaral

Ao menos duas pessoas morreram durante a onda de frio dos últimos dias em Porto Alegre. Diante dos episódios, a Defensoria Pública do RS (DPE/RS) oficiou a prefeitura da capital. O órgão questiona sobre a política de acolhimento e abordagem a pessoas em situação de rua, com especial atenção às medidas emergenciais adotadas no contexto da chamada “Operação Inverno”.

O ofício foi encaminhado pelo Núcleo de Defesa em Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado (DPE/RS) à Secretaria Municipal de Assistência Social do Município.

A defensora pública dirigente do Núcleo, Gizane Mendina, cita no ofício que, nos últimos dias, a Defensoria Pública recebeu denúncias sobre a retirada de pertences pessoais, incluindo cobertores, por equipes da prefeitura, durante ações de zeladoria urbana. Além disso, concomitantemente, veio a público o falecimento de duas pessoas em situação de rua, supostamente em razão das baixas temperaturas, o que impõe a necessidade de esclarecimentos quanto à execução e à efetividade da política municipal de proteção dessa população em momentos críticos.


Diante desse contexto, ela solicitou:

Cópia do plano da Operação Inverno 2025, com detalhamento das estratégias previstas para a proteção da população em situação de rua nesse contexto climático, incluindo eventual acréscimo de vagas por equipamento, locais, critérios de acesso e fluxo de encaminhamento;

Detalhamento do fluxo de encaminhamento para o ginásio do DEMHAB, recém-incluído na rede emergencial de acolhimento, bem como o número de vagas atuais e projetadas do espaço;

Relação dos equipamentos de acolhimento da rede municipal (albergues, casas de passagem, ginásios, entre outros) destinados à população em situação de rua, com distinção sobre eventuais restrições a mulheres e à população LGBTQIAPN+, bem como o número atualizado de vagas atualmente ofertadas em cada um deles;

Identificação das pessoas em situação de rua que vieram a óbito nos últimos dias, supostamente por exposição ao frio, bem como informações sobre eventual acompanhamento anterior pela rede socioassistencial deste município;

Relato circunstanciado sobre as ações de abordagem social à população em situação de rua realizadas entre os dias 27 e 29 de maio de 2025, incluindo documentos administrativos eventualmente emitidos (ordens de serviço, relatórios, etc.).

Ainda no ofício, a Defensoria solicitou especial atenção à necessidade de respostas céleres e coordenadas frente a contextos de emergência climática, em consonância com os princípios da dignidade humana, da proteção integral e da priorização da população em situação de vulnerabilidade extrema. Conforme o ofício, as informações devem ser prestadas à Defensoria Pública no prazo de até cinco dias úteis.


Fonte: Correio do Povo