Excesso de galhos e retomada de hobbies marcam pós-enchente em praias da zona Sul de Porto Alegre
Atividades como aeromodelismo, detectorismo e passeios de caiaque chamam a atenção nas praias da região

A zona Sul de Porto Alegre, embora relativamente menos afetada pelas ocorrências mais recentes de chuva e elevação do nível do Guaíba, entre o final de junho e início de julho, também passou por momentos de tensão, e, agora, com a baixa das águas a níveis praticamente normais, as marcas visíveis incluem um excesso anormal de galhos e troncos de árvore, trazidos pelas águas e pelo vento.
Estes materiais orgânicos, estacionados às centenas nas areias frequentadas por moradores, como na orla da praia do bairro Ipanema, atrapalham a circulação de pessoas, mas parecem pouco interferir na realização da obra do novo calçadão do local, que segue em andamento. Neste ponto da cidade, são praticados alguns hobbies, como o detectorismo, ou seja, a busca de metais na areia com equipamentos específicos, e o aeromodelismo, algo que nem a forte neblina da manhã do último domingo foi capaz de frustrar.
Mais abaixo, o bairro Guarujá, onde continuam chamando a atenção as diversas placas de venda e aluguel de residências, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) pôs, no auge da última cheia, uma bomba móvel em áreas usualmente conflagradas pelas águas, como as ruas Jacipuia e Oiampi, o que, de fato, acelerou o escoamento do fluxo.
Ao contrário da situação de Ipanema, no Guarujá alguns funcionários do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) estevam reunidos, trabalhando na orla, juntando os troncos também presentes nesta área, ainda que em menor quantidade. Seguindo para o sul, a praça José Comunal, em frente à praia do bairro Belém Novo, apresentava pontos esparsos de acúmulo de água, já que o orvalho também fazia acumular gotas nas folhas de árvores, caindo ao solo na sequência. Poucos moradores se arriscavam a percorrer o local, com exceção de um punhado de amigos que puseram seus caiaques, alguns deles novos, no Guaíba.
“Só vamos passear e treinar um pouco hoje, ver como está aqui”, contou o motorista Harley Schmitt, um dos integrantes do animado grupo, que logo pôs os pés na água gelada. Ainda que segura, de acordo com eles, a atividade teve seus riscos, pelo excesso de neblina que dificultava a visão do próprio Guaíba, revolto em sua margem. Em outro ponto, funcionários do Dmae trabalhavam. A praia mais ao sul de Porto Alegre, no bairro Lami, vive o reflexo permanente de moradores que abandonaram suas residências, deixando apenas as estruturas das mesmas para trás, contrastando com as obras de revitalização da orla em andamento.
Assim como no caso anterior, poucas pessoas se arriscavam a permanecer no local, também tomado pelo entulho das antigas residências e menos troncos do que em Ipanema e no Guarujá. Chamou a atenção, tanto no Belém Novo, quanto no Lami, a presença de placas de balneabilidade indicando condições próprias para banho nos locais, algo que poderia ser usual no verão e períodos onde há mais procura de banhistas nos balneários, mas que pode representar um contrassenso no frio atual do inverno. Procurado para comentar sobre os trabalhos de limpeza, o DMLU disse que iniciou uma ação especial ainda no dia 23 de junho, após as chuvas intensas em Porto Alegre. O serviço conta com cerca de 90 garis, que atuam do Centro Histórico ao Guarujá. A operação ocorre apenas nas áreas secas, para assegurar a segurança dos funcionários, e conforme há o recuo das águas. As equipes foram ampliadas para a remoção dos entulhos acumulados nas margens do Guaíba.
Fonte: Correio do Povo